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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Da comenda ao comendador


Comendador é alguém que recebeu uma comenda, isto é um benefício que antigamente era concedido a eclesiásticos e a cavaleiros de ordens militares, mas que actualmente costuma designar apenas uma distinção puramente honorífica. No passado, podia remeter ainda a uma porção de terra doada oficialmente como recompensa por serviços prestados, ficando o beneficiado com a obrigação de defendê-la de malfeitores e inimigos.
Comendadores ainda existem,se bem que se encontrem diluídos na sociedade, que pouco tem haver com o alto beneficiário da ordem militar de outrora e muito com uma figura burguesa de salão que recebe uma distinção honorífica de uma ordem civil sob a forma de uma medalha pendurada num colar ou numa faixa .


As grandes comendas de outrora , como a de Tomar são hoje grandes cidades. Todavia outras reduziram-se à actual estalagem , pousada ou albergaria privada usando o nome que perdurou.
O regimento de uma comenda era um benefício concedido a nobres e cavaleiros das ordens militares em que se salientaram, em primeiro lugar os Templários e após a sua extinção no século XIV (1312), os Hospitalários .

À Ordem dos Templários em Portugal sucedeu a Ordem de Cristo (D. Dinis). Os Hospitalários aplicavam mais a sua função no apoio a peregrinos e doentes, mantendo e gerindo hospícios junto das comendas .
Porém os Templários  instalaram nas comendas as primeira "agências" bancárias e de viagens da Europa. As ordens estavam obrigadas a prestar apoio logístico ao Rei e à sua Corte e aos cavaleiros e eclesiásticos das ordens em viagem .Alguns destes serviços eram depois pagos pelas ordens, enquanto serviço de apoio a peregrinos e doentes  era gratuito ..

O encarregado de gerir todo o processo era o Comendador, o qual assumia na comenda a posição de relevo semelhante à de um Prior .
As comendas estavam por norma em encruzilhadas e lugares de   grande movimento ainda hoje alguns nomes de vilas e aldeias de Portugal indicam que na sua origem esteve uma comenda .
Como é o caso de Albergaria a Velha, Estreito,Albergaria dos Doze e tantos outros. Quase sempre junto à comenda erguia-se depois uma capela e assim se formaram aglomerados populacionais .
Lugares onde afluía muita gente indo do rei à plebe. a comida jamais faltava e como devem calcular era de excelente qualidade.
Além disso a classe monástica teve sempre, a fama e certamente o proveito , de serem bons apreciadores da boa e farta cozinha e das melhores iguarias  do reino .
É por estas terras Templárias e Hospitalárias, que poderemos encontrar vestígios e experiências únicas que certamente nos farão compreender outros tempos e entender este nosso tempo.
Como todos sabemos a caricatura de um Abade nunca foi a de um tísico , o aforismo popular de "comer como um Abade " ainda hoje perdura .
Por tudo isto Oleiros o seu tempo a sua magia é lugar obrigatório da história e gastronomia nacional 
 Muitos foram os freires portugueses da Ordem do Hospital que se distinguiram, tanto ao serviço do rei e de Portugal, como em defesa dos ideais subjacentes à sua fundação. Decorrido menos de um século após a sua instituição oficial, foi eleito para o cargo do Grão-Mestre, o 12.º da Ordem, um Infante de Portugal, D. Afonso, filho bastardo do primeiro rei português. Não foi longa, porém, a sua permanência no cargo. Resignou após três anos e regressou à sua comenda de Alporão (Santarém) onde foi sepultado. Apesar da curta passagem pelo cargo, sob o seu comando foram promulgados os Estatutos da Ordem que estabeleceram quatro categorias para os seus membros. Da extensa lista dos priores de Portugal, alguns se podem destacar pelo seu desempenho no campo militar ou na administração dos bens da Congregação, ou ainda pela sua acção de conselheiros e embaixadores do rei. Entre eles refira-se D. Afonso Pais, que recebeu das mãos de D. Sancho I a terra de Guidintesta; e D. Mendo Gonçalves, que foi testamenteiro, ainda na qualidade de Comendador, do primeiro testamento de D. Sancho I. Foi Fr. Mendo Gonçalves, já Prior, que tomou a iniciativa de convocar o primeiro Capítulo Geral realizado em Portugal, na Comenda da Sertã, que, no dizer de Laurent Daillièz, representaria já o espírito independentista da Ordem de São João de Jerusalém em terras portuguesas. Na verdade, aos monarcas medievais interessava tornar as Ordens Militares, implantadas em Portugal, independentes da administração da Casa-Mãe, sediada no estrangeiro. D. Afonso Peres Farinha, Prior do Hospital e Grande Valido de D. Afonso III, ficou ligado aos territórios alentejanos de Moura e Serpa. Manteve-se ao lado do seu rei até mesmo durante os momentos mais agudos que marcaram o conflito entre o bolonhês e o clero episcopal. Podemos também citar D. Estêvão Vasques Pimentel, Comendador de Leça, que mandou erigir a Igreja de Leça, onde D. Fernando terá desposado D. Leonor Telles. Na batalha do Salado distinguiram-se os Hospitalários, sob o comando de D. Álvaro Gonçalves Pereira, pai de D. Nuno Álvares Pereira, que mandou edificar os Castelos de Amieira e da Flor da Rosa. Mas, sem dúvida, o mais famoso foi D. António, Prior do Crato, pretendente ao trono de Portugal, quando a Ordem era já de Malta.
       A Ordem, entre nós, manteve-se independente. Não recebeu os bens dos &Templários, como pretendia o papa, que habilmente D. Dinis fez transferir para a Ordem de Cristo, então criada (1319). A Ordem do Hospital também não foi incorporada na Coroa, em 1551, com as Ordens de Avis, Cristo e Santiago, apesar de a dignidade de Prior do Crato ser atribuída aos Infantes D. Luís, filho de D. Manuel I, e, mais tarde, a seu filho D. António, mantendo, assim, um carácter singular e o epíteto de “Soberana”, que lhe será atribuído quando for designada de Malta.  

Bem Hajam 
Carlos Fernandes 
Pelourinho -Estreito
Como diz o Povo "Pelourinho na Torre , Chafariz na Fonte "

Chafariz S.Torcato-Estreito





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