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segunda-feira, 27 de março de 2017

Círios saloios


O culto medieval a Nossa Senhora do Cabo ou Santa Maria da Pedra de Mua - por vezes confundido erradamente com a devoção a Nossa Senhora da Arrábida, que a tradição afirma datar de 1215 - é documentalmente mencionado pela primeira vez numa carta régia de D. Pedro I, datada de 1366, e constitui uma das mais antigas e interessantes manifestações de religiosidade popular em Portugal.
Divulgado o miraculoso achamento da imagem de Nossa Senhora no espigão rochoso do Cabo Espichel, muito rapidamente o culto terá levedado, não só entre as localidades mais ou menos vizinhas da margem sul do Tejo, mas sobretudo na margem norte do rio, recobrindo praticamente todo o território da região saloia. Aqui viria a atingir assinalável relevo, ficando conhecido pela designação de "círio saloio", "círio real" ou "círio do bodo", tendo não poucas vezes contado com a especial protecção da Família Real.

O Círio é um misto de romaria e procissão a um santuário que fica num local distante da povoação .
O Círio dos Saloios à Nossa Senhora do Cabo está ligado ao pagamento de uma promessa para  afastar uma epidemia de peste que assolava a região de Lisboa .

Quanto à primeira tradição, Frei Agostinho de Santa Maria narra-a de forma bastante lacónica no seu "Santuário Mariano" 

"No mar Oceano, para a parte do meio dia a sul] da Corte, e Cidade de Lisboa, mete a terra hua ponta, ou despenhada rocha, a que os navegantes chamam o "Cabo de Espichel", e os antigos chamaram Promontório Barbárico (…) Neste sítio sobre a rocha se vê ao presente rua Ermidinha, que se edificou para memória, a que chamam o Miradouro; é tradição constante, que aparecera a imagem de nossa Senhora que por ser vista naquela rocha, a que chamão Cabo, a denominàrão com este título." E passa a identificar os autores da descoberta: "Os venturosos", e os que primeiro descubriram este rico tesouro, foram alguns homens da Caparica, que iam aquela serra a cortar lenha; e daqui teve principio serem eles os primeiros também, que a festejassem. Por esta causa vão todos os anos com o seu sirio a solemnizar a sua festa em o primeiro Domingo de Junho "
Documentalmente mencionado pela primeira vez numa carta régia de D.Pedro I, datada de 1366 e constitui uma das mais antigas e interessantes manifestações de religiosidade popular em Portugal.
 "círio saloio", "círio real" ou "círio do bodo", tendo não poucas vezes contado com a especial proteção da  Família Real.
Teria dado início o culto a partir de 1430, que se tornou um centro de romarias e procissões por círios de oito freguesias da margem sul e uma da capital .

As Casas dos Círios (ou simplesmente Hospedarias) situam-se no Cabo Espichel, concelho de Sesimbra, freguesia do Castelo, Distrito de Setúbal.
As Hospedarias são constituídas por duas alas de edifícios de rés-do-chão (loja) e primeiro andar (sobrado), sobre arcadas de pedra, que ladeiam a Igreja de Nossa Senhora do Cabo e que com ela delimitam o terreiro do arraial. Trata-se de construções típicas da arquitectura popular saloia, que assim contrastam com o carácter erudito da igreja barroca.
À igreja afluíam antigamente vários e numerosos grupos de círios (grandes grupos de peregrinos, organizados em romarias colectivas), cujo número se aproximou da meia centena. Foi ao designado Círio Saloio, integrando romeiros das redondezas da capital, que coube a construção de grande parte das hospedarias, conforme se pode ler numa lápide: "Casas de N. Sra. de Cabo feitas por conta do Sírio dos Saloios no ano de 1757 para acomodação dos mordomos que vierem dar bodo".
Bem hajam 
Carlos Fernandes

domingo, 5 de março de 2017

Adega dos Apalaches , adega da serra no coração do pinhal !


Longe da vista ,não no fim do mundo,o principio da vida , surge numa aldeia esquecida com alma serrana e tradições ancestrais, É na Adega dos Apalaches que podemos celebrar o saber e sabor das gentes da serra .



A base de uma cultura gastronómica é sempre a pobreza - bem dizem os ingleses que a necessidade é mãe da invenção. Ou alguma vez o nosso receituário de bacalhau seria tão rico como é se o bacalhau, durante os séculos em que estimulou a criatividade caseira, estivesse ao preço que está hoje? Quem inventaria as iscas se pudesse comer sempre bifes do lombo? 



Adega dos Apalaches 


   Cabrito estonado ,maranhos , sopa da panela,grelhados de excelência, bem como  doces irresistíveis que fazem parte não do nosso imaginário mas sim desta adega com alma , serviço justo e atencioso a condizer com a hospitalidade do pinhal.                                                                                              



Cozinhar é talvez o mais privado e arriscado acto. No alimento se coloca  o saber, a ternura ou ódio.
É na panela que se verte tempero ou veneno. No fundo cozinhar não é serviço. Cozinhar é um modo de receber e amar os outros, sinta-se amado e venha ver o fogo que arde sem se ver na Adega dos Apalaches.


Fotos :Adega dos Apalaches 
Bem hajam 
Carlos Fernandes