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terça-feira, 9 de maio de 2017

Hospitalidade


A palavra hospitalidade deriva da palavra hospice (asilo, albergue), a ideia de hospitalidade é tão antiga quanto a própria civilização, o seu desenvolvimento, desde o antigo costume de dividir o pão com um estranho de passagem, até aos mais complexos e multifacetados processos dos nossos tempos, constitui uma viagem apaixonante.

Venha daí, deixe-se fluir no tempo.
As primeiras referências á hospitalidade remontam á Grécia e Roma antigas, quando o incremento do comércio e das viagens fez que o aparecimento de alguma forma de acomodação para passar a noite se tornasse uma necessidade.
Os romanos desenvolveram um sistema postal bem organizado. Os antigos Persas criaram uma combinação de estábulos e pousadas, chamadas de Khans, com o propósito de atender as caravanas de viagem.
Na Idade Média, a hospitalidade começou-se a aperfeiçoar com a criação de corporações de restaurantes. Na Inglaterra, a carruagem transformou-se no principal meio de transporte.
Muitos dos valores de hospitalidade medieval, ajustam-se aos dias de hoje, tais como serviço amigável, a atmosfera amena e a abundância de comida. Todavia comparados á nossa época os padrões sanitários eram pobres e as acomodações primitivas.
No século XVI apresentou a Europa a duas exóticas especiarias, o chá e o café. As casas de café não só se tornaram os pontos de encontro de seu tempo, como ajudaram a curar a ressaca de um continente inteiro. Durante a Idade Média grande parte das estalagens distinguia-se pela diferença do tratamento dispensado, a ricos e pobres. Esta situação levou á criação do comum (ordinary), uma taverna que servia um menu fixo, a um preço pré estabelecido para as pessoas do povo.
Com a transformação das colónias em cidades, as viagens intensificaram-se e as tavernas tornaram-se centros sociais e políticos, reflectindo uma fluência cultural francesa.
A revolução francesa influenciou o desenvolvimento da culinária, estabelecendo o primeiro restaurante do novo mundo, trazendo a cuisine de France para a América do Norte.
O século XIX criou conceitos como o jantar á lá carte, alimentação para as massas e sorveterias, consolidando-se o costume de comer fora de casa.
No século XX, com o incrível avanço da tecnologia e dos meios de transportes colocou o mundo inteiro á de quase toda a população, as pessoas hoje podem escolher entre uma ampla gama de opções de serviços, comida acomodação e lazer. Este século apressado foi também responsável pela criação do fast-food.
Chegados aos nossos dias outros desafios se nos deparam, sendo que a hospitalidade, como não poderia deixar de ser, é um trunfo extremamente precioso, em conjunto com a complexidade de todas as vertentes da actividade turística para que o objectivo final, a Excelência e o realizar dos desejos do cliente se concretizem, só assim teremos a qualidade no turismo e não o tal turismo de qualidade que tantos erradamente apregoam

Bem Hajam
Carlos Fernandes

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Monteiro dos Milhões


No dia 24 Outubro de 1920, em Sintra, faleceu António Augusto Carvalho Monteiro, mais conhecido por ‘Monteiro dos Milhões’, o magnata que mandou construir o místico Palácio da Quinta da Regaleira.


Filho de pais portugueses, Carvalho Monteiro nasceu no Rio de Janeiro a 27 Novembro de 1848. Herdeiro de uma enorme fortuna, que provinha do comércio de cafés e pedras preciosas, e licenciado em leis pela Universidade de Coimbra, o ‘Monteiro dos Milhões’ foi um distinto coleccionador e bibliófilo, detentor de uma das mais raras colecções camonianas portuguesa. A sua grande cultura terá decerto influenciado a misteriosa simbologia do palácio da Quinta da Regaleira, situado na encosta da Serra de Sintra, perto do Palácio de Seteais.


Homem excêntrico, Carvalho Monteiro mandou construir o seu enorme túmulo no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, deixando-o a cargo do mesmo arquitecto que projectou o Palácio da Quinta da Regaleira em Sintra, Luigi Manini (também autor do projecto do Palácio do Buçaco). Este sepulcro parece mesmo ter sido retirado do místico palácio sintrense...

A porta deste enorme jazigo (um dos maiores e mais imponentes do cemitério), situado na alameda principal do Cemitério do lado esquerdo, está carregada de simbologia e era aberta com a mesma chave que abria a Quinta da Regaleira e o seu palácio na Rua do Alecrim, em Lisboa. Este jazigo, uma verdadeira obra de arte, ostenta uma multiplicidade de simbologias maçónicas. A porta tem uma abelha gravada na aldraba, carregando uma caveira. A abelha, diligente e trabalhadora, representa o maçon no seu esforço organizado.
O gradeamento, que se encontra nas traseiras do jazigo, ostenta a simbologia do vinho e do pão, o espírito e o corpo. Possui também diversas corujas, símbolo de sabedoria, assim como papoilas dormideiras, que simbolizam a morte.
Para quem não conhece o Cemitério dos Prazeres, vale a pena uma visita. Para além de um mero cemitério, é um conjunto impressionante de obras de arte da arquitectura, e onde estão sepultados grandes vultos da cultura, política e vida social portuguesa.

Cemitério dos Prazeres
O Cemitério dos Prazeres foi construído no ano de 1833. Em Junho desse ano, uma violenta epidemia de cólera morbus assolou Lisboa, causando milhares de mortos, o que forçou as autoridades sanitárias ao estabelecimento de dois cemitérios, e à proibição dos enterramentos nos espaços religiosos, como tradicionalmente se efectuavam. A legislação vem regulamentar a interdição dos enterramentos em igrejas, conventos, ermidas e demais espaços religiosos, obrigando à construção, em todo o País, de cemitérios públicos.
Servindo o lado ocidental de Lisboa, onde se implantavam os bairros das residências aristocráticas, desde cedo que este se torna o cemitério das famílias dominantes da cidade. Símbolos de variadas interpretações, religiosas, maçónicas, profissionais, heráldica, bem como a disposição espacial das construções e a variação das formas de que se revestem, tornam este espaço num precioso testemunho da forma como no séc. XIX se pensava a morte.


Bem hajam 
Carlos Fernandes