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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O despertar, 28 de FEVEREIRO DE 1906 ! Touring Club de Portugal .



Criação da Sociedade de Propaganda de Portugal

A criação da Sociedade Propaganda de Portugal é uma das iniciativas mais admirá- veis do princípio do século XX e aquela que mais influenciou o despertar do turismo em Portugal

Criação da Sociedade de Propaganda de Portugal, também chamada de Touring Club de Portugal. Segundo Ana Cardoso de Matos e Maria Luísa F. N. dos Santos ("Os Guias de Turismo e a emergência do turismo contemporâneo em Portugal (dos finais do século XIX às primeiras décadas do século XX" in Geo Crítica, Scripta Nova, Revista electrónica de Geografia y Ciências Sociales, Universidad de Barcelona, vol. VIII, num. 167, 15 de Junio de 2004), os "(…) objectivos eram «promover, pela sua acção própria, pela intervenção junto dos poderes públicos e administrações locais, pela colaboração com este e com todas as forças vivas da nação, e pelas relações internacionais que possa estabelecer, o desenvolvimento intelectual, moral e material do país e, principalmente, esforçar-se por que ele seja visitado e amado por nacionais e estrangeiros»." Ainda segundo as Autoras, Leonildo de Mendonça e Costa teve um papal fundamental na criação desta sociedade, que agregou personalidades de diferentes campos político partidários.


 Esta organização, com um crescente número de sócios, procurou incentivar o turismo nacional e estrangeiro. "Os seus fins eram: «organizar e divulgar o inventário de todos os monumentos, riquezas artísticas, curiosidades e lugares pitorescos do país; publicar itinerários, guias e cartas roteiras de Portugal; organizar ou auxiliar excursões; promover a concorrência de estrangeiros, e uma maior circulação de nacionais dentro do território; dar as informações que lhe sejam solicitadas; fornecer a hotéis, casinos, estabelecimentos hidroterápicos, empresas de transportes, etc, plantas de instalações, tabelas de preços e lista de objectos de uso corrente nos grandes centros de excursionismo; promover reformas e melhoramentos na instalação e regime de hotéis, transportes e serviços locais; e de uma maneira geral estudar todas as questões de interesse geral conexas com o fim da sociedade»"
Fonte :Arquivo Fundação Mário Soares



Bem hajam 
Carlos Fernandes

sábado, 25 de fevereiro de 2017

No Entrudo come-se tudo .


O antigo Entrudo português - caceteiro e ofensivo, avinhado e licencioso, tinha um dito relacionado com a comida: "No Entrudo come-se tudo".
Mas é preciso cuidado com afirmações definitivas: no Entrudo, não tem lugar o peixe, que segundo a sabedoria popular não puxa carroças, e nesta quadra festiva há sempre carroças a puxar, algumas bem pesadas por sinal.


O Carnaval é festejado nos três dias que antecedem a Quaresma, que começa na Quarta-Feira de Cinzas e se prolonga até à Páscoa.
Mas em rigor, logo a seguir à quadra natalícia, mais concretamente no termo do período dos doze dias que vão do Natal aos Reis, começa a preparar-se o ambiente para o Carnaval. E pode-se dizer que noutros tempos a época carnavalesca começava mesmo no Dia dos Reis, 6 de Janeiro. A partir de então, os domingos eram assinalados por festas já carnavalescas e grandes comezainas, o que levou a apor-lhes o designativo de Domingos Gordos.
Assim nasceram as feijoadas de Carnaval, e diga-se desde já que as melhores são as do Norte, com destaque para as transmontanas, enriquecidas com o fumeiro da região.


Na Beira Litoral, faz-se uma feijoada com orelheira, a que se juntam muitos nabos (4 para 1 orelha) e a respectiva rama, tenrinha.
Nas Minas da Panasqueira, há uma feijoada temperada com massa de pimentão, e na qual, do porco, só se usam os pezinhos.
No Porto, toda a gente sabe, fazem-se grandes feijoadas e diga-se enfim que as tripas não seriam o que são se lhes faltasse a saborosa leguminosa. Falta acrescentar que os açorianos juntam à feijoada ramos de funcho, prevenindo assim eventuais flatulências.

Manda a tradição que a feijoada seja sempre acompanhada por arroz, e há uma explicação para o facto: o cereal melhora a qualidade das respectivas proteínas.
No Norte, em princípio, o arroz é de forno, devendo ser servido no recipiente em que foi cozinhado.

Será necessário dizer ainda que as feijoadas são melhores se forem reaquecidas.
O feijão chegou à Europa Ocidental em 1528 e os historiadores atribuem o feito ao Papa Clemente VII que, tendo recebido das Índias Ocidentais umas estranhas sementes em forma de rim, ordenou a um frade, Piero Valeriano, que as semeasse.
Os resultados finais foram excelentes: além do mais, os frutos produzidos (baptizados com o nome de fagioli, por fazerem lembrar as favas) eram agradáveis ao paladar.


Quando Catarina de Médicis viajou para Marselha, para casar com o Duque de Orleães, futuro Henrique II, o frade Valeriano explicou-lhe que os homens também se conquistam pelo estômago e meteu-lhe na bagagem um saco com feijões.
Parece que o frade tinha toda a razão.


do livro: Festas e Comeres do Povo Português

Bem hajam 
Carlos Fernandes

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Tempo de Carnaval


O Carnaval teve a sua origem numa festa popular já anterior ao Cristianismo. Tudo começou em Itália e a festa era chamada “Saturnália”, em homenagem a Saturno. Nesses festejos eram figuras de honra aos deuses greco-romanos, Baco e Mono e aconteciam nos meses de Novembro e Dezembro. Durante essa festa, que tinha lugar na cidade de Roma, toda a população se misturava, inclusive os escravos com os senhores… e por vezes cometiam-se imoralidades. Com o aparecimento e expansão do Cristianismo, surgiram os primeiros sinais de censura a esses festejos.

A igreja católica conseguiu determinar que esses festejos só deveriam ser realizados antes da Quaresma. Os Italianos adoptaram  então a palavra “Carnevale” – “vale tudo o que se quiser fazer…” antes da Quaresma, numa espécie de abuso de carne.
A festa de Carnaval chegou a Portugal nos séculos XV e XVI, recebendo o nome de Entrudo, isto é – introdução à Quaresma através de uma brincadeira agressiva e pesada. Era  um divertimento marcado por gastronomia própria, mas também por alguma violência. Faziam-se esferas de cera bem finas, com o interior cheio de água e depois atiravam-se às pessoas.
Havia quem fosse mais longe nas suas atitudes; injectavam dentro dessas esferas substâncias  mal cheirosas e impróprias…
No ano de 1882 o comércio iniciou o costume de fechar as portas na terça-feira de Carnaval para haver os desfiles nesse dia.



Bem hajam 
Carlos Fernandes

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Comendadeiras de Santiago . Mosteiro de Santos o Novo


COMENDADEIRA, s. f. Mulher que tem comenda; comendadora: "veio à côrte D. Jorge, mestre das ordens de Santiago e de Aviz, e se aposentou em Santos o Novo, onde estava a comendadeira sua mãe", Francisco de Andrade, Crónica de D. João III, IV, cap. 43, p. 169.
HIST. Comendadeiras de Santos: Uma velha tradição diz ter o rio Tejo arrojado a uma das praias da sua margem direita, que depois se ficou chamando de Santos, os corpos dos santos mártires Veríssimo, Máximo e Júlia, irmãos, naturais de Lisboa, filhos de pais nobres e ricos, mandados martirizar por Públio Daciano, legado do imperador Diocleciano. No local, pela tradição indicado, mandou D. Afonso Henriques edificar a Igreja de Santos, e D. Sancho I um mosteiro, destinado aos cavaleiros da Ordem de Santiago da Espada. Mais tarde, tendo estes recebido de D. Afonso III as vilas de Mértola, Alcácer do Sal e Palmela, foi o mosteiro concedido a algumas senhoras parentes dos cavaleiros de Santiago, a quem D. Afonso Henriques concedera o título de Comendadeira e que por êsse tempo viviam reunidas numa quinta em Arruda dos Vinhos.
Largos anos estiveram essas donas e donzelas no mosteiro de Santos, sendo conhecidas vulgarmente nessa época por mulheres da obrigação dos cavaleiros de Santiago. Porém, em 1470, D. João II mandou que essas senhoras passassem para a ermida de Nossa Senhora do Paraíso, entre os conventos de Santa Clara e Xabregas, enquanto se construia, o de Santos-o-Novo, edificado na calçada da Cruz da Pedra, freg. de Santa Engrácia. Em 1475 entraram as comendadeiras naquele novo e vasto convento, com bons dormitórios, grande claustro arborizado, tendo o espaçoso edifício muitos compartimentos e 365 janelas. E anos depois, foram solene e processionalmente transportadas para o convento de Santos-o-Novo as relíquias dos Santos Mártires, que desde o reinado de D. Afonso Henriques estavam guardadas na igreja de Santos-o-Velho, que assim passara a denominar-se a igreja antiga. As relíquias foram encerradas em cofres de prata, colocados à direita do altar-mor da igreja. As senhoras recolhidas naquele mosteiro gozavam de muitas honras e privilégios, não sendo consideradas freiras. Eram pessoas nobres, que podiam ter criadas ao seu serviço. Algumas delas professavam votos iguais aos cavaleiros da mesma Ordem de Santiago. Pertenceram à Ordem senhoras de nobre estirpe, como D. Auzenda Egas, descendente de Egas Moniz e D. Sancha Martins Peres, que foi a primeira superiora. Como D. Afonso Henriques recomendara em uma carta para Arruda dos Vinhos, quando as senhoras das famílias dos cavaleiros de Santiago ali se encontravam, que usassem toucados honestos, as comendadeiras seguiram sempre essa recomendação, vestindo trajos de sêda preta colocando sôbre êles mantos brancos de tule com as cruzes de Santiago e toucados também brancos nos cabelos. A princípio ocuparam, cada uma, várias dependências do convento, mas, pouco a pouco, foram vivendo mais modestamente, contentando-se cada uma com mais reduzido número de compartimentos; e o título de comendadeira chegou ao séc. XIX apenas como honorífico.


O terramoto de 1755 arruinou bastante o edifício, chegando as senhoras ali recolhidas a terem que armar barracas na cêrca do convento para ali se abrigarem, até se reedificarem os seus dormitórios. Em 1833, o mosteiro podia acomodar 500 pessoas. Mas nesse mesmo ano D. Pedro IV ordenou que as religiosas de todos os conventos recolhessem para dentro das linhas de defesa de Lisboa, e a maior parte das comendadeiras de Santo-o-Novo recolheu ao mosteiro da Encarnação, da Ordem de S. Bento de Aviz. Terminadas as lutas civis, as comendadeiras regressaram ao seu convento.
O edifício do convento de Santos é actualmente (1941) património do Estado e destinado a recolhimento de viúvas e filhas de oficiais do Exército e da Armada e funcionários públicos, dependendo da Direcção Geral de Assistência Pública. No edifício estão também escolas primárias e o Instituto Presidente Sidónio Pais, do Prefessorado Primário (secção masculina).

Bem hajam 
Carlos Frnandes

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

As Lupercales , São Valentim .


Era no dia 15 de fevereiro que, na Roma Antiga, se celebrava aquela que era a maior festividade de cariz sexual da época. Chamava-se “Lupercales” e consistia em deixar os jovens andar nus pelas ruas a chicotear as mulheres que encontravam pelo caminho com tiras de couro de cabra. Uma festa demasiado “lasciva” e “obscena” para o cristianismo que emergia, e que acabou por ser cancelada no ano de 494, tendo sido antecipada um dia e substituída então pela festa em homenagem ao sacerdote Valentim.

A forte carga sexual das “Lupercales” levou o Papa de então, Gelásio I, a condenar esta festa pagã substituindo-a pela celebração de São Valentim, mártir que morreu no dia 14 de fevereiro do ano de 270. De acordo com a lenda, São Valentim era um sacerdote cristão que tinha sido um dos maiores opositores da lei que proibia os soldados de se casarem. O sacerdote, que também era médico, terá celebrado o casamento de vários jovens apaixonados à revelia das ordens do imperados Cláudio II. Como consequência, o imperador terá ordenado a morte de Valentim.
De acordo com o jornal espanhol ABC, que recorda a comemoração das “Lupercales”, a festividade religiosa em homenagem ao mártir São Valentim foi celebrada até ao ano de 1969, altura em que a Igreja Católica decidiu eliminar o dia de São Valentim do calendário religioso, passando então a assinalar-se a data à mesma (associada a um santo) mas não do ponto de vista religioso.
O nome “Lupercales” está associado à palavra “lobo”, animal que representava Fauno Luperco, romanização do grego Pan, Deus da fertilidade e da sexualidade masculina. O lobo acabaria por se tornar um animal chave na mitologia da fundação da cidade de Roma, associada à lenda dos gémeos Rómulo e Remo.
Bem hajam 
Carlos Fernandes

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Entrudo chocalheiro


Esta tradição parece ter tido origem nas festas romana dedicadas a Saturno, Deus das sementeiras. Sendo a agricultura a principal fonte de sustento era necessário acalmar a ira dos Deuses para que a Primavera trouxesse abundância de sol e boas colheitas.

O traje .
O traje dos Caretos tem um papel muito importante em todo este ritual. Vestem fatos elaborados com colchas franjadas de lã ou de linho vermelho, verde e amarelo feitas em teares ancestrais e usam mascaras rudimentares onde sobressai o nariz pontiagudo. As mascaras são feitas de couro, madeira ou latão,pintadas de vermelho e preto,amarelo ou verde.Da sua indumentária como não poderia deixar de ser, fazem parte os chocalhos que penduram à cintura e um pau que os apoia nas correrias e saltos.
  
O ritual
«E no domingo e terça feira de Carnaval que os caretos vêm para a rua. Surgem em bandos de todos os cantos da aldeia, em loucas e frenéticas correrias . O anonimato dado pelo uso da máscara, permite aos Caretos fazer todo o tipo de tropelias. O individuo ao vestir o fato torna-se misterioso e o seu comportamento muda completamente, ficando possuído de uma energia transcendente .

As raparigas solteiras são as vitimas preferidas . Encostam-se a elas e ensaiam danças com conteúdo erótico, agitando a cintura e batendo com os chocalhos nas ancas das vítimas que acompanham a dança.Até à poucos anos as raparigas escondiam-se em casa pois as brincadeiras eram por vezes excessivas: lançavam cinzas, dejectos e formigas selvagens.
Outras das suas vítimas são os donos das adegas. Quando são apanhados, pegam-lhes ao colo e obrigam-nos a abrir as pipas de vinho para beberem . Hoje em dia os Caretos são mais moderados, mas mesmo assim, as suas correrias e os seus gritos ainda assustam os mais desprevenidos .
Por tudo isto, a sua visita a vivência e experiência, destes eventos tradicionais são momentos marcantes, venha daí atreva-se a desafiar os Caretos!
Bem hajam
Carlos Fernandes





sábado, 4 de fevereiro de 2017

O adufe e o pandeiro


O adufe é um instrumento oriundo da região da Beira Baixa. É tradicionalmente feito e tocado pelas mulheres: as adufeiras. É um instrumento quadrangular que é feito a partir da pele dos animais da região. O facto de serem zonas ricas em pastorícia justifica de algum modo a grande explosão de adufes saídos das mãos habilidosas das mulheres da Beira Interior. Antigamente era vulgar as pessoas juntarem-se em casa umas das outras ou no largo do pelourinho daquele lugar e tocarem adufe ao despique. Os homens jogavam o "truque” (um jogo de cartas) e as mulheres cantavam, dançavam e tocavam. O adufe também esteve desde sempre ligado aos acontecimentos religiosos e às romarias, mesmo na Quaresma quando os divertimentos eram “proibidos". O adufe era o instrumento que acompanhava as melodias tris­tes, próprias da quadra.


  Em Trás-os-Montes e no Alentejo o adufe é mais conhecido por pandeiro. Na província transmontana a sua decoração é mais sóbria. Já no Alentejo, os pandeiros são enfeitados com cores mais garridas. Em Trás-os-Montes eram igualmente tocados pelas mulheres por ocasião dos “jogos de roda" e das “danças em paralelo”. Eram antigas formas de convívio que ainda acontecem uma vez por outra e que antigamente eram bastante frequentes por ocasião do fim das fainas agrícolas. Para terminar a apanha da azeitona, a apanha da amêndoa e as colheitas do trigo, reuniam-se as pessoas e os instrumentos e faziam-se grandes paródias.   Há cerca de cinquenta anos atrás, quando ainda se fazia a monda, as raparigas levavam consigo o pandeiro para irem tocando pelo caminho e os rapazes transportavam o realejo, a gaita-de-beiços e a pandeireta, que também não faltava, quando apela a animação. Cantavam, tocavam e até dançavam enquanto iam e vinham da faina. Dizem os mais antigos da região de Bragança que, eram tempos muito mais animados, em que as pessoas eram alegres. Agora, dizem que as novas tecnologias são fatores de dispersão para os mais novos, que deixariam de ligar às riquezas da tradição.





Bem hajam 
Carlos Fernandes