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quinta-feira, 8 de maio de 2014

Um notável exemplo-Património

Desde muito cedo, que a Vila de Arganil me marcou na memória o esplendor da alma lusa, não só por lá ter raízes familiares como pelo seu desenvolvimento cultural em tempos de opacidade intelectual, o seu cine-teatro é um notável exemplo
O mais notável exemplo de Teatros do século XX no interior do País – e recorde-se que nos anos 50 o conceito de acessibilidade era bem diferente – encontramo-lo em Arganil no Cine–Teatro Alves Coelho, projecto do Arquitecto Mário Oliveira.Valoriza-o ainda, e não pouco os painéis  de Guilherme Filipe no interior e a escultura de Aureliano Lima na fachada principal, alegóricas das artes do espectáculo. E ainda uma lápide, onde o transmontano Miguel Torga, médico na Misericórdia de Arganil,  elogia a iniciativa de “beirões cabeçudos”…!
O Teatro Alves Coelho foi inaugurado em 5 deNovembro de 1954, num espectáculo vicentino encenado por Paulo Quintela, na presença algo insólita do Embaixador do Brasil, na altura o poeta Olegário Mariano, e do dramaturgo Silva Tavares. A construção fez-se por subscrição publica de acções  da “Empresa do Teatro Alves Coelho”, com numerosas e significativas participações financeiras de arganilenses de África e do Brasil. O nome foi também sufragado pela população, que assim homenageou um compositor conterrâneo.Alves Coelho (1882-1931), professor do ensino básico, foi sobretudo  autor talentoso e festejadíssimo da música de numerosas revistas: basta dizer que  inaugurou o Parque Mayer, no Teatro Maria Vitória , com a Revista “Lua Nova”, isto em 1 de agosto de 1922. Colaborou com Wenseslau Pinto, Raul Portela , com Eduardo Schwalbach, Luís Galhardo e outros grandes nomes da época. Em mais de 40 títulos, ficou sobretudo na memória uma célebre revista, “O 31”, que ainda hoje é evocada e que foi sucessivamente reposta em Portugal e no Brasil durante 10 anos!Inaugurado em 1954, hoje pertença da Misericórdia, constitui efetivamente um grande exemplo e um grande modelo de modernismo na arquitectura de espectáculo. A partir de uma estrutura vertical em dois corpos unidos pelo foyer e áreas de acesso, bem equipado no palco e nas zonas de bastidores e camarins, impõe-se pela volumetria
, pelo rigor do estilo modernista e ainda pela cor avermelhada, que lhe dá o devido destaque na área urbana em que se insere.

Bem hajam 
Carlos Fernandes

Maestro Alves Coelho



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