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sexta-feira, 21 de março de 2014

Carreira 1960 "Que vida boa era a de Lisboa " ( Capitulo I)

Cinema Monumental 

Café Monumental
Num país conservador, cinzento e pouco culto, iniciou-se uma revolução a nível cultural, uma nova mentalidade nascia  . Isto aconteceu devido ao fluxo de turistas que por Portugal passavam, o que fez com que a população contactasse com outras realidades.  São todos estes acontecimentos que marcaram a minha geração, que a carreira 1960 vos propõe , uma viagem , um roteiro à Lisboa da época , focado nas pequenas coisas , que iriam decididamente formatar uma geração .
Antes de iniciarmos a nossa viagem , observemos  alguns dados : Mais de 82 % dos partos ocorrem em casa .Morrem 7,7 crianças por cada 100 habitantes .8,9 Milhões de residentes, 92% com menos de 65 anos .Esperança de vida :  mulheres 66,4 anos , homens 60,7 anos .Mais de 65% das pessoas com 15 ou mais anos nunca foram à escola .População com instrução equivalente ao ensino superior 1%.Apenas 9,3% dos casamentos não são católicos .Um em cada cem acaba em divórcio .80 médicos e 108 enfermeiros por cem mil habitantes .
Perante estes dados, sem saudosismos e mágoas apanhemos a carreira 1960, destino Lisboa .
Carreira 1960 Lisboa 
Começava a década e Lisboa estava em festa , sentia-se no ar um novo tempo , os alfacinhas ainda festejavam , o ora aí vamos , oito minutos do Restauradores a Entre Campos , era obra !!
A 29 de Dezembro de 1959 foi inaugurada a primeira linha de Metropolitano de Lisboa , sendo aberta ao público no dia seguinte, Lisboa alinhava-se com as grandes capitais Europeias.A adesão e a novidade levaram a que os lisboetas na manhã de 30 de Dezembro acorressem em massa às gares de Sete-rios e dos Restauradores para efectuarem a sua primeira viagem .Estava inaugurado o Metropolitano de Lisboa e só no primeiro ano foram transportados 15 milhões de passageiros .
Estação do Campo Pequeno 

Metro estação Saldanha 

Sem dúvida, os primeiros dias da nova década eram promissores ,o melhor ainda estava para vir .
As primeira boîtes , os dancings ,os concursos de mini-saias , as rainhas da rádio , a moda dos cafés , a música ié-ié , os bordéis , a guerra , a censura um ditador .Era tudo isto a vida de Lisboa na década de 60.



Até ao final da década de 50 os três grandes pontos de encontro dos lisboetas , eram o Parque Mayer , o Pavilhão dos Desportos e o Coliseu , em perfeita comunhão com os clubes recreativos e associações regionais, onde se realizavam grandes bailes , com a década de 60 , a bica os cigarros , aguardentes e afins , o whisky de Sacavém , as intermináveis  conversas até de madrugada, a que se apelidavam de tertúlias, após as horas de expediente e essencialmente ao fim de semana,a Lisboa dos anos 60, instala-se nos cafés. 
Num ambiente pesado , onde as névoas de fumo predominavam,na grande maioria homens de fato e gravata estreita, davam corpo a esta nova maneira de estar,na Brasileira, no Martinho , no café Gelo, ainda são locais habituais , mas com a perda de influência da baixa lisboeta, a grande moda eram as Avenida Novas,no Vá-Vá faz-se história no novo cinema português, das lutas estudantis e até dos costumes, com uma clientela feminina eram os primeiros passos da sua emancipação . No Monte Carlo ao Saldanha era ponto de encontro de toda a gente,a partir das duas da madrugada, eram jornalistas, gente do teatro depois das peças, em ameno convívio entre gerações de grande liberdade, e por ali permaneciam até às quatro .cinco da madrugada . Como estes cafés outros havia como são exemplos, o Café Londres , (Praça de Londres), Café Bocage (Av da Republica ),Café Monumental (Saldanha),Értilas (Campo de Ourique ) Café Império (Alameda) e tantos mais .
O Estado Novo permitia isto, aliás Salazar deu instruções à policia política (PIDE)para não incomodar as tertúlias, dizia o ditador"Revolucionários de café não fazem Revoluções ".


Café Gelo -Rossio
Café Monte Carlo-Saldanha 
Interior Café VÁ-VÁ 
Café A Brazileira -Chiado
A década de 60 foi, certamente , das mais importantes na história da economia portuguesa. Corresponde ao período em que a economia portuguesa cresceu mais rapidamente .
Os três grandes acontecimentos económicos,da década , são nomeadamente : o primeiro consiste na assinatura do acordo EFTA (Associação Europeia  de Comércio Livre), Portugal fica inserido numa rede de relações políticas que lhe é bastante favorável. Todavia, o que essencialmente beneficia são novos mercados onde o país ainda não tinha entrado, nomeadamente  o mercado Austríaco e os três mercados escandinavos . Por outro lado a entrada na EFTA trouxe importantes investimentos a Portugal: investimentos beduínos, como eram conhecidos os suecos, para a industria têxtil e de calçado, eram investimentos que exigiam capital fixo relativamente modesto , aproveitando a mão de obra barata.
Existiram ainda, investimentos mais sérios de médio e longo prazo , não só de escandinavos como de ingleses, nomeadamente em industrias mecânicas e químicas .

O segundo factor foi a emigração, não só para fugir à pobreza, como também à Guerra Colonial, numa década partem cerca de um milhão de habitantes,conseguem uma poupança altíssima, em alguns casos chega 50% do rendimento, que enviam como remessa para Portugal . A Banca expande-se para o interior , abre novos balcões , o dinheiro é barato com a abertura económica ao exterior levam ao nascimentos de nonas industrias como a CUF (Companhia União Fabril) a Siderurgia Nacional (seixal), a  fábrica da Toddy (Belas), o desenvolvimento da industria naval , tabacos têxteis , químicos e tantos outros , a economia cresce, ontem como hoje, as pessoas estão mal, mas Portugal está melhor .
Por último o negócio da construção civil arranca em força, irá explodir nas décadas seguintes, aumenta a urbanização das zonas rurais á volta de Lisboa . Em Lisboa  o valor dos salários quase que duplica, o consumo de televisores rádios e carros dispara, são os anos dourados .
Por esta altura (1961), abre o primeiro supermercado (Modelo) no Saldanha na mesma zona abrirá mais tarde o restaurante Galeto um símbolo de modernidade, que vida boa era a de Lisboa .


Sorefame Amadora 


Fábrica da CUF interior

Fábrica Toddy . Belas 
Siderurgia Nacional .Seixal 


Emigração anos 60
Bem hajam 
Carlos Fernandes                            (continua )  









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