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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Milho Rei

Nos meses de Março e Abril semeia- se o milho, à mão ou com o auxilio de uma semeadeira, esta, puxada por cavalos ou bois.
Após três meses, aproximadamente, o milho já brotando, é sachado. Sachar, com a enxada ou sacho, é remover todas as ervas que nascem juntamente com o milho. Um mês depois, o milho é rendado. Rendar é acumular terra em volta do pé de milho.
À medida que o tempo vai correndo, o pé de milho vai crescendo e na ponta aparece feito um penacho que se chama pendão ou coroa, é cortado e dado como alimento ao gado.
Cada pé de milho nasce com duas ou três espigas, conforme a terra ou adubação das mesmas.
Cada espiga tem na ponta uns fiapos que se chamam bigode ou barba. O miolo é o casulo onde estão implantados os grãos de milho e cobrindo toda esta espiga uma cobertura chamada folhelho.
Nos meses de Agosto e Setembro é cortado o milho e trazido para a casa do lavrador em carros de bois, ou cestos carregados por homens. Ai é despejado num recinto apropriado, ao ar livre, chamado eira e ai mesmo é feita a DESFOLHADA.
A Dona da Casa, esposa do proprietário, que é quem geralmente supervisiona estes serviços, convida vizinhos e amigos para em data aprazada fazer a DESFOLHADA. Às vezes se reúnem mais de 50 pessoas, entre moças, moços, crianças e alguns velhos. Quem mais gosta deste trabalho são os moços. Enquanto uns desfolham o milho, outros vão amarrando a palha em magotes que se chamam frescais. Estes frescais vão sendo colocados em volta de uma árvore ou uma vara de pinheiro em forma de pirâmide e quando terminado, ou seja, alcançando determinada altura, chama-se mêda.
Durante a desfolhada o ponto culminante é o aparecimento do milho Rei. É uma espiga totalmente vermelha e o achador terá o direito de beijar e abraçar todas as moças e senhoras que se encontrem participando desse trabalho.
As espigas de milho são transportadas para as eiras onde ficam alguns dias a secar. Parte delas são guardadas em espigueiros ou caniços para serem usados pelo ano a fora as restantes espigas são debulhadas com mangais ou malhos, instrumentos de madeira, ou debulhadeiras mecânicas. Geralmente a tarefa é feita manualmente com os malhos, por rapazes ou moças, o que ocasiona outra cena típica do Minho, a MALHADA.
Sempre, após as malhadas ou desfolhadas, os donos da casa oferecem uma lauta merenda, geralmente constando pão de milho ou centeio, azeitonas, iscas de bacalhau ou sardinha assada, não faltando, é claro, o indispensável vinho verde servido em cabaça por onde todos vão bebendo. Durante essa merenda e prolongando-se por algum tempo mais, entre os presentes sempre tem alguém que toca, ou pelo menos “arranha” uma concertina (é assim que chamam aos acordeões menores) e o baile está formado. No Minho não se compreende que se possa executar qualquer faina agrícola sem ser acompanhada ou coroada por cantos e danças.
BEM HAJAM 
Carlos Fernandes
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