O chocalho remonta à Idade Média, e desde então
designa um instrumento de metal, com badalo, e mais ou menos semelhante a uma
campainha, para se pôr no pescoço de animais. A palavra vem do latim tardio
Cloca, que designava uma vaca ou rês com chocalho. Para além de permitir a
reunião dos animais de um rebanho, servia o chocalho para avisar o pastor do
paradeiro de alguma rês tresmalhada. Os criadores de gado tinham o orgulho de
apresentar os seus animais ornados por chocalhos decorados com as iniciais ou
símbolo da casa agrícola a que pertenciam.
O fabrico
dos chocalhos é artesanal e segue os mesmos processos de manufacturação de há
200 anos.
Em primeiro lugar é necessário talhar o chocalho em folha de ferro. É,
seguidamente, cortado por uma tesoura fixa verticalmente à lateral do banco e
depois é enrolado na bigorna. A folha é furada para que seja colocado o céu,
onde se pendura o badalo. Segue-se a moldagem da asa e sua colocação. O toque
só se produz após a união cuidadosa dos lados da folha.
Segue-se o momento de forrar o molde de ferro com folha de bronze, que será
ajustada por um processo de embarramento, isto é, a colocação de uma cobertura
de barro amassado com palhinha de trigo. Na parte do fundo do chocalho abre-se
um furo para que a peça possa respirar, quando submetida a altas temperaturas.
Vão então os chocalhos à forja, sendo periodicamente virados, para que o
aquecimento seja uniforme. Quando ficam ao rubro, retiram-se da forja e
fazem-se rolar no chão liso para arrefecerem e serem, por fim, mergulhados em
água fria.
Se após o barro ter sido quebrado a peça tiver alguma irregularidade, volta à
bigorna e é limada. É aqui que a peça é terminada com batimentos suaves do
artesão que lhe vai afinando o som. Aos guardadores de gado lhes cabe o
derradeiro momento de colocar o badalo. Este é de folha ou madeira e consoante
a sua espessura será o som mais grave ou agudo
Bem hajam
Carlos Fernandes
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