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sábado, 14 de dezembro de 2013

A simbologia, a lenda e a real história que envolvem o bolo-rei

Por detrás do bolo-rei está toda uma simbologia com 2000 anos de existência. De uma forma muito resumida, pode dizer-se que esta doce iguaria representa os presentes que os três Reis Magos deram ao Menino Jesus aquando do seu nascimento. Assim, a côdea simboliza o ouro; as frutas, cristalizadas e secas, representam a mirra; e o aroma do bolo assinala o incenso.
Ainda na base do imaginário, também a fava tem a sua "explicação". Reza a lenda que, quando os Reis Magos viram a estrela que anunciava o nascimento de Jesus, disputaram entre si qual dos três teria a honra de ser o primeiro a brindar o Menino. Com vista a acabar com aquela discussão, um padeiro confeccionou um bolo escondendo no seu interior uma fava. O Rei Mago a quem calhasse a fatia de bolo contendo a fava seria o primeiro a entregar
o presente. O dilema ficou solucionado, embora não se saiba se foi Gaspar, Baltazar ou Belchior o feliz contemplado.
Historicamente falando, a versão é bem diferente. Os romanos usavam as favas para a prática inserida nos banquetes das Saturnais, durante os quais se procedia à eleição do Rei da Festa, também designado Rei da Fava. Este costume terá tido origem num jogo de crianças muito frequente durante aquelas celebrações e que consistia em escolher entre si um rei, tirando-o à sorte com as favas.
Este inocente jogo acabou por ser adaptado pelos adultos, que passaram a fazer uso das favas para votar nas assembleias. Dado aquele jogo infantil ser característico do mês de Dezembro, a Igreja Católica decidiu relacioná-lo com a Natividade e, depois, também com a Epifania (os dias entre 25 de Dezembro e 6 de Janeiro). Esta última data acabou por ser designada pela Igreja como Dia de Reis, altura em que algumas famílias, nomeadamente em Espanha, procuram manter a tradição, não só comendo o bolo-rei como aproveitando a ocasião para distribuir os presentes pelas crianças.
Para além desta, havia uma outra tradição, da qual poucos terão conhecimento, que afirmava que os cristãos deveriam comer 12 bolos-reis, entre o Natal e os Reis, festa que muito cedo começou a ser celebrada na corte dos reis de França. O bolo- -rei terá, aliás, surgido neste país, no tempo de Luís XIV, para as festas do Ano Novo e do Dia de Reis. Com a Revolução Francesa, em 1789, a iguaria foi proibida, mas, como bom negócio que era, os pasteleiros continuaram a confeccioná-lo sob o nome de gâteau des san-cullottes.

Por cá, depois da proclamação da República, a proibição do bolo- -rei esteve também prestes a acontecer. No entanto, passado esse período negro, a história deste bolo tem sido um sucesso e todas as confeitarias e pastelarias se enchem de clientes para adquirir o rei das iguarias nesta quadra festiva
Fonte Diário Notícias
Bem Hajam 
Carlos Fernandes

1 comentário:

  1. O bolo-rei é, efectivamente, o rei dos bolos. Daí o nome, merecidíssimo. E do maior incómodo, após 5 de Outubro de 1910, quando se tornou politicamente incorrecto. Logo os revolucionários perceberam que era necessário crismá-lo, perdão, registá-lo.
    Portugal tinha de ser revolvido e espanejado, desprovido de qualquer alusão à Monarquia deposta. Os pasteleiros temeram pelo negócio. As revoluções podem mudar tudo menos o paladar e a gulodice. Que fazer? Ainda por cima, o bolo-rei era vendido no Dia dos Reis e a tradicional fava garantia o «trono» até ao ano seguinte a quem ela coubesse em sorte.
    A maioria dos pasteleiros resolveu que o bolo-rei passaria à clandestinidade. Com um nome falso: "bolo de Natal", "bolo do Ano Novo" e, até, "bolo Nacional".
    Assim sobreviveu o bolo-rei, disfarçado - se calhar, sem fava nem brinde -até que o povo, não aguentando mais as saudades,o trouxe de novo para a luz do dia.

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