Translate

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Desculpem-nos filhos

Desculpem-nos filhos !!!!!

QUANTAS MÂES EXISTEM QUE NESTE MOMENTO È SÓ ISTO QUE TEM PARA DIZER???????????

Esta carta de desabafo que a Rita Marrafa de Carvalho escreveu à sua filhota Mariana, está qualquer coisa de extraordinário. Diria mais... está algo do "outro mundo". Quer no espelhar da (triste) realidade do país, quer no "educar" da sua filha.
Mariana,
gostava tanto de ter boas notícias para ti e para o mano.
Gostava de vos dizer que o pai e a mãe, eles próprios, conseguiram uma boa poupança para vos garantir os estudos superiores e as viagens que queriam e precisem de fazer. Mas não é verdade.
Temos um seguro de saúde e não vos falta nada. Já isso basta e é muito mais do que algumas crianças da vossa idade têm, infelizmente.
Mas não sei o que vos diga. Quando eu e o vosso pai decidimos ser "mãe e pai", suspirámos pela saúde dos nossos filhos. E fomos contemplados com uma bênção acrescida: a vossa generosidade, sorriso e ternura.
E aspirámos a um futuro brilhante. Numa escola boa. Com horizontes amplos, num país onde as oportunidades surgiram pela meritocracia. Porque eu e o vosso pai éramos fruto dessa geração. A do esforço e do estudo. A do empenho e da premiação. Enganámo-nos. E não sei como vos dizer o que aí vem...
Porque olhando em volta, vejo os filhos de amigos mais velhos, a iniciarem processos de emigração. Vejo famílias separadas e lágrimas.
E vejo o esforço acrescido, todos os meses, para vos manter numa escola boa que se compadece com os horários difíceis de sermos jornalistas. Vale a pena mas sai-nos do pêlo.
Queria muito levar-te à Eurodisney, como pediste, Mariana. Mas este ano, e não sei quando, não será possível. Mas temo-nos uns aos outros. Tens os teus avós e amigos. Tens quem te quer bem. Acima de tudo, tens a avó Isabel e o Avô Custódio que não te deixarão que te falte nada. Nem ao mano. Que pagaram os arranjos do carro da mãe e todo o teu material e livros escolares.
E tens-me a mim e ao teu pai. Nem que a mãe se morda. Nem que a mãe se esfole. Terás sempre os meus braços e os meus beijos. E os olhos postos num horizonte onde poderás vir a ser feliz. Aqui ou na China. Ou na Austrália. Ou no Brasil. Onde for... Vai para onde cumpram os contratos laborais e onde te apreciem pela boa profissional que virás a ser (tenho a certeza). Não é uma crónica de uma emigração anunciada. É uma declaração de amor de quem te amará a 8 mil quilómetros de distância.
A mãe.

Sem comentários:

Enviar um comentário