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sábado, 31 de janeiro de 2015

O comboio real

Construído em meados do século XIX, o comboio é composto pela locomotiva Dom Luís, outrora considerada a mais rápida do mundo, a carruagem “salão Príncipe Dom Carlos” (oferecido ao rei D. Carlos pelos seus pais, D. Luís e D. Maria Pia) e ainda a carruagem “salão Dona Maria Pia”, oferecido à rainha pelo seu pai, Vítor Emanuel II de Itália.
São duas carruagens de luxo, com aposentos dignos da realeza que, se encontram no núcleo museológico ferroviário de Santarém, onde poderão ser de novo visitados. A assinalar cinco anos de existência, a Fundação Museu Nacional Ferroviário construiu também um simulador de condução ferroviária. Uma inovação que permite aos visitantes conduzir, de forma quase real e no lugar do motorista, vários modelos de comboios, em várias linhas ferroviárias nacionais, como por exemplo a linha do Norte.

Uma experiência marcante para desfolhar a história de Portugal
Bem hajam 
Carlos Fernandes




Tirar Sortes


"Tirar Sortes"


            “Dava-se o nome” em Janeiro. Juntavam-se os moços daquele ano, estes contratavam um tocador de concertina e punham-se a caminho de Castelo de Vide, pois era nos Paços do Concelho que se iam alistar para a tropa (20 anos). Para a ocasião mandava-se fazer um fato inteiro e bordar uma bolsa nova, onde levavam a merenda. Enfeitavam uma carroça e era assim que faziam o caminho até á vila acompanhados do tocador e de um garrafão de cinco litros de vinho.
            Mais ou menos em Junho iam “tirar sortes”, também em Castelo de Vide. Esses mesmos rapazes mandavam deitar um pregão anunciando um baile (pago por eles), na Sociedade Recreativa e Musical, para essa noite quando voltassem.
            Aqueles que já estavam noivos, ofereciam um anel á rapariga e elas ofereciam-lhe um alfinete de gravata ou uma corrente de relógio. Aqueles que eram só namorados, a moça dava um lenço bordado ou uma camisa, mas esta já não recebia anel. Geralmente as amigas ofereciam lenços de cachine para pôr ao pescoço.
            Quando chegavam da Vila, as pessoas podiam ver qual tinha sido a sorte de cada um, pois traziam uma fita no braço da cor que lhes tinha calhado. O verde era espera, a branca ficavam livres e só o vermelho para os apurados. A meio do baile havia sempre a dança dos mancebos, em que cada qual “puxava” a noiva ou a moça que trazia debaixo d`olho.
            Ás vezes era nesses bailes que o povo ficava a saber quais os namoros que ainda não eram oficiais.

                                                                                                          Elisabeth Arez 


Bem hajam 
Carlos Fernandes

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Axis Mundi


“Axis Mundi”
Centro do mundo, pilar da vida, é esta a viagem que nos conduz do ilusório ao real, das trevas à luz, da morte à imortalidade.
Mais que a ausência, a verdadeira questão é o esquecimento, esse que apaga a memória que nos deixa sem luz, que nos transporta às trevas, que nos despersonaliza, que nos faz efémeros.
Se existe povo valente e imortal, a alma lusitana é sem dúvida a referência, um povo pioneiro na globalização, que deu novos mundos ao mundo, que levou a diáspora portuguesa aos quatro cantos do mundo, que deu um contributo à humanidade que vai muito além das nossas capacidades, é esse legado que urge evidenciar, urge preservar e respeitar.
Hoje, mais que deprimidos, injustiçados e esquecidos por esse mundo, temos que continuar a escrever a história, a elevar bem alto o Axis Mundi e dizer ao mundo, que uma vez mais iremos transformar o Cabo das Tormentas em Cabo da Boa Esperança, que a nossa Pátria é a língua portuguesa.
Que o verdadeiro vencedor é aquele que vence e ajuda os outros a vencer, que desistir não faz parte da nossa alma, que hoje como sempre nos levará da morte à imortalidade, do ilusório ao real, esse é o nosso desígnio
Bem hajam
Carlos Fernandes

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O cabrito estonado à moda de Oleiros o autêntico e o genuíno à nossa mesa !


O Museu da Cerveja, no Terreiro do Paço em Lisboa, tem agora uma receita ancestral na sua ementa: o cabrito estonado. A entrada da nova receita no cardápio resulta do trabalho de investigação dos profissionais do espaço gastronómico
“O prato de “cabrito estonado” é a recuperação de uma receita medieval de cabrito assado no forno, com uma particularidade única: é assado com a sua pele, passando anteriormente por um processo de “estonagem”, que não é mais do que a remoção de todo o pelo do animal. Mantendo a pele, que fica estaladiça, o cabrito não perde os seus sabores, ganhando a sua carne em suculência e paladar”, refere Pedro Dias, Director do Museu da Cerveja.
O Museu da Cerveja desenvolveu um espaço próprio para o processamento do “cabrito estonado”, com um processo de assadura inovador, de modo à oferta estar disponível ao público consumidor nos 365 dias do ano.
A primeira vez que surge uma referência documental ao cabrito estonado é num antigo livro de cozinha da região do Al-Andalus (o ocidente da Península Ibérica) do século XIII. Em 1624 será a vez do jesuíta português António de Andrade, o primeiro ocidental a chegar ao Tibete, que narrará as delícias deste pitéu.
O cabrito estonado resistiu ao tempo. E contudo, pouco sabemos das suas origens. Sabemos que é um prato bem conhecido desde tempos antigos pelas tribos beduínas da Península Arábica; sabemos que os povos nómadas da Síria, do Iraque, do Egipto ou da Líbia o saboreiam há séculos; sabemos que os cristãos arménios o elegeram há muito como o seu pitéu predilecto; sabemos que o povo judeu também o aprecia desde sempre; sabemos que no antigo Al-Andalus era um reputado petisco; sabemos que por cá se manteve em alguns locais, sendo a vila de Oleiros um exemplo.

Sabemos ainda que a sua origem não é étnica mas religiosa, pois é um prato historicamente partilhado pelas três religiões herdeiras do profeta Abraão: o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo.
O cabrito estonado é parte do património português devido à permanência árabe entre nós. Mas também é herança de vários povos e das três principais religiões abraâmicas. Saboreá-lo é um acto de prazer; mas também será uma lição de História e até uma partilha entre pessoas de bem que sabem esquecer divergências religiosas fictícias para se irmanarem numa mesa comum. A vila de Oleiros na beira baixa é sem dúvida um exlíbris deste prato ancestral , como tal divulgamos a verdadeira receita de cabrito estonado e convidamos todos a visitarem Oleiros para esta experiência única !

Cabrito estonado à moda de Oleiros

Ingredientes e Preparo:[

  1. Escolha um cabrito novo, que não tenha completado ainda os 90 dias. Depois de abatido, estona-se mergulhando o cabrito por partes em água a ferver; pela-se à medida que se vai escaldando. Os pêlos são puxados com a ajuda de um pano grosso ou sarapilheira e com a ajuda, por vezes, de uma faca. Isto deve ser feito com muito cuidado para não romper a pele. Esta deve ficar com o aspecto da pele do leitão.
  2. Uma vez o cabrito estonado, retiram-se-lhe as vísceras por uma pequena abertura feita na barriga. De seguida, lava-se muito bem e põe-se a escorrer de um dia para o outro.
  3. No dia seguinte, barra-se o cabrito por dentro com parte de uma papa feita com quatro ou cinco dentes de alho, 200 g de banha de porco, 250 ml de vinho branco, sal e pimenta.
  4. Cortam-se, então, os miúdos do cabrito em pedaços pequenos e junta-se-lhes 100 gramas de presunto também cortado, um ramo de salsa e uma folha de louro. Mistura-se neste recheio um pouco da papa de barrar e recheia-se o interior do cabrito pela abertura da barriga que depois se cose com agulha e linha.
  5. Deixa-se repousar durante um bom par de horas.
  6. Barra-se então a parte exterior do cabrito com o resto da papa e coloca-se em uma assadeira, que deve ter na base uma grelha feita de paus de louro, e leva-se ao forno bem quente. Quando estiver tostado de um dos lados, vira-se e deixa-se tostar do outro: a pele deve ficar tostada e estaladiça como a pele do leitão bairradino podendo-se para isso "constipar", que consiste em borrifar a pele com vinho branco gelado.
Acompanhamento:
Serve-se quente ou frio e acompanha-se com batatas fritas e salada. Quando servido em quente deve trazer o molho à parte.
Acompanhe com vinho calum.
Bem hajam 
Carlos Fernandes





domingo, 25 de janeiro de 2015

Grande Rota Muradal Pangeia "Trans Pangean Challenge "

Pela primeira vez em Portugal , o concelho de Oleiros vai ser palco do Trans Pangaean Challenge,uma das mais famosas e reputáveis competições de Ultra Running do Mundo.
Para se melhor entender este importante evento uma breve introdução. 
Os Pangean Montanhas Centrais eram uma extensa cordilheira a nordeste-sudoeste trending cordilheira na porção central do supercontinente Pangaea durante o Triássico período. Eles foram formados como resultado da colisão entre os supercontinentes menores Laurussia e Gondwana durante a formação de Pangaea.  Os restos desta gama enorme montanha incluem os Montes Apalaches da América do Norte e do pequeno Atlas de Marrocos , África .
Um número de períodos de formação de montanhas estavam envolvidos na formação dos Pangean Montanhas centrais, incluindo o acádicas , Caledonian e Alleghenian orogenies .

Com a introdução em Portugal do mais famoso percurso pedestre do mundo, mais precisamente em Oleiros, permite-se não só essa ligação transcontinental, numa aproximação ao mercado americano, como também se potencia a diversificação da oferta turística desta região do Geopark Naturtejo, sob os auspícios da UNESCO, apostando no turismo de natureza e no touring cultural e paisagístico.
O trilho português, a ser implementado em Oleiros – nas freguesias de Estreito, Sarnadas de S. Simão, Orvalho e Vilar Barroco -, recebe o nome Rota do Moradal – Pangeia em alusão à emblemática montanha quartzítica deste concelho, muito valiosa em geo e biodiversidade, assim como ao continente que existiu até há 200 milhões de anos e que reunia todos os continentes que existem actualmente..

Conhecida oficialmente, como GR 38 – Grande Rota Muradal Pangeia, “o trilho português dos Apalaches”, consiste numa aproximação, entre o continente americano e o europeu, e vai ser inaugurada, em Oleiros, no dia 28 de março, prometendo, ser uma das maiores atrações turísticas, da região.
   A inauguração, irá anteceder, a ocorrência da prova portuguesa do Trans Pangean Challenge, uma das mais reputadas e desafiantes competições, de ultra running em todo o mundo, que se realiza em Portugal, de 19 a 25 de abril, devido à existência, deste Trilho dos Apalaches.
   Por outro lado, a inauguração, coincidirá, com a época pascal e com a realização do 7.º Festival Gastronómico do Cabrito Estonado e do Maranho, pelo que a celebração, se prolonga até domingo, com algumas alusões, a este acontecimento, durante o dia, na vila de Oleiros.

Estreito-Oleiros
Oleiros um verde de montanhas a descobrir 
Bem hajam 
Carlos Fernandes

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Da comenda ao comendador


Comendador é alguém que recebeu uma comenda, isto é um benefício que antigamente era concedido a eclesiásticos e a cavaleiros de ordens militares, mas que actualmente costuma designar apenas uma distinção puramente honorífica. No passado, podia remeter ainda a uma porção de terra doada oficialmente como recompensa por serviços prestados, ficando o beneficiado com a obrigação de defendê-la de malfeitores e inimigos.
Comendadores ainda existem,se bem que se encontrem diluídos na sociedade, que pouco tem haver com o alto beneficiário da ordem militar de outrora e muito com uma figura burguesa de salão que recebe uma distinção honorífica de uma ordem civil sob a forma de uma medalha pendurada num colar ou numa faixa .


As grandes comendas de outrora , como a de Tomar são hoje grandes cidades. Todavia outras reduziram-se à actual estalagem , pousada ou albergaria privada usando o nome que perdurou.
O regimento de uma comenda era um benefício concedido a nobres e cavaleiros das ordens militares em que se salientaram, em primeiro lugar os Templários e após a sua extinção no século XIV (1312), os Hospitalários .

À Ordem dos Templários em Portugal sucedeu a Ordem de Cristo (D. Dinis). Os Hospitalários aplicavam mais a sua função no apoio a peregrinos e doentes, mantendo e gerindo hospícios junto das comendas .
Porém os Templários  instalaram nas comendas as primeira "agências" bancárias e de viagens da Europa. As ordens estavam obrigadas a prestar apoio logístico ao Rei e à sua Corte e aos cavaleiros e eclesiásticos das ordens em viagem .Alguns destes serviços eram depois pagos pelas ordens, enquanto serviço de apoio a peregrinos e doentes  era gratuito ..

O encarregado de gerir todo o processo era o Comendador, o qual assumia na comenda a posição de relevo semelhante à de um Prior .
As comendas estavam por norma em encruzilhadas e lugares de   grande movimento ainda hoje alguns nomes de vilas e aldeias de Portugal indicam que na sua origem esteve uma comenda .
Como é o caso de Albergaria a Velha, Estreito,Albergaria dos Doze e tantos outros. Quase sempre junto à comenda erguia-se depois uma capela e assim se formaram aglomerados populacionais .
Lugares onde afluía muita gente indo do rei à plebe. a comida jamais faltava e como devem calcular era de excelente qualidade.
Além disso a classe monástica teve sempre, a fama e certamente o proveito , de serem bons apreciadores da boa e farta cozinha e das melhores iguarias  do reino .
É por estas terras Templárias e Hospitalárias, que poderemos encontrar vestígios e experiências únicas que certamente nos farão compreender outros tempos e entender este nosso tempo.
Como todos sabemos a caricatura de um Abade nunca foi a de um tísico , o aforismo popular de "comer como um Abade " ainda hoje perdura .
Por tudo isto Oleiros o seu tempo a sua magia é lugar obrigatório da história e gastronomia nacional 
 Muitos foram os freires portugueses da Ordem do Hospital que se distinguiram, tanto ao serviço do rei e de Portugal, como em defesa dos ideais subjacentes à sua fundação. Decorrido menos de um século após a sua instituição oficial, foi eleito para o cargo do Grão-Mestre, o 12.º da Ordem, um Infante de Portugal, D. Afonso, filho bastardo do primeiro rei português. Não foi longa, porém, a sua permanência no cargo. Resignou após três anos e regressou à sua comenda de Alporão (Santarém) onde foi sepultado. Apesar da curta passagem pelo cargo, sob o seu comando foram promulgados os Estatutos da Ordem que estabeleceram quatro categorias para os seus membros. Da extensa lista dos priores de Portugal, alguns se podem destacar pelo seu desempenho no campo militar ou na administração dos bens da Congregação, ou ainda pela sua acção de conselheiros e embaixadores do rei. Entre eles refira-se D. Afonso Pais, que recebeu das mãos de D. Sancho I a terra de Guidintesta; e D. Mendo Gonçalves, que foi testamenteiro, ainda na qualidade de Comendador, do primeiro testamento de D. Sancho I. Foi Fr. Mendo Gonçalves, já Prior, que tomou a iniciativa de convocar o primeiro Capítulo Geral realizado em Portugal, na Comenda da Sertã, que, no dizer de Laurent Daillièz, representaria já o espírito independentista da Ordem de São João de Jerusalém em terras portuguesas. Na verdade, aos monarcas medievais interessava tornar as Ordens Militares, implantadas em Portugal, independentes da administração da Casa-Mãe, sediada no estrangeiro. D. Afonso Peres Farinha, Prior do Hospital e Grande Valido de D. Afonso III, ficou ligado aos territórios alentejanos de Moura e Serpa. Manteve-se ao lado do seu rei até mesmo durante os momentos mais agudos que marcaram o conflito entre o bolonhês e o clero episcopal. Podemos também citar D. Estêvão Vasques Pimentel, Comendador de Leça, que mandou erigir a Igreja de Leça, onde D. Fernando terá desposado D. Leonor Telles. Na batalha do Salado distinguiram-se os Hospitalários, sob o comando de D. Álvaro Gonçalves Pereira, pai de D. Nuno Álvares Pereira, que mandou edificar os Castelos de Amieira e da Flor da Rosa. Mas, sem dúvida, o mais famoso foi D. António, Prior do Crato, pretendente ao trono de Portugal, quando a Ordem era já de Malta.
       A Ordem, entre nós, manteve-se independente. Não recebeu os bens dos &Templários, como pretendia o papa, que habilmente D. Dinis fez transferir para a Ordem de Cristo, então criada (1319). A Ordem do Hospital também não foi incorporada na Coroa, em 1551, com as Ordens de Avis, Cristo e Santiago, apesar de a dignidade de Prior do Crato ser atribuída aos Infantes D. Luís, filho de D. Manuel I, e, mais tarde, a seu filho D. António, mantendo, assim, um carácter singular e o epíteto de “Soberana”, que lhe será atribuído quando for designada de Malta.  

Bem Hajam 
Carlos Fernandes 
Pelourinho -Estreito
Como diz o Povo "Pelourinho na Torre , Chafariz na Fonte "

Chafariz S.Torcato-Estreito





terça-feira, 20 de janeiro de 2015

De Portugal para o Mundo


Elegante e imponente, a Grande Sinagoga Portuguesa é o símbolo da liberdade que os judeus desfrutaram na Holanda, no século 17, e do prestígio e prosperidade dos judeus  de Amsterdão..


De Portugal à Amsterdão
De 1580 a 1640, em Portugal, ainda funcionava os Tribunais da Inquisição. Neste período houve uma imigração maciça de judeus portugueses, assim como de judeus espanhóis, para os Países Baixos. Assim, com a chegada de judeus em Amsterdão foram se formando algumas comunidades, e em 1622 já havia três importantes congregações. A primeira, que surgiu por volta de 1610, Bet Jacob, mais tarde a Newe Shalom, que possuía um carácter mais hispânico, e por fim a comunidade Bet Israel. As três finalmente se uniram em 1639 para dar origem a “Congregação Portuguesa Israelita de Amsterdão”, Talmud Tora, que ainda existe com o mesmo nome.
A grande Esnoga possui um espaço para 1200 homens sentados e 440 mulheres, que sentam na parte superior da sinagoga e foi conservada com a mesma estrutura até hoje. A sinagoga possui algumas curiosidades. Uma das mais interessantes, é a falta de electricidade. A Esnoga,é iluminada por centenas de velas posicionadas em castiçais espalhados pelo ambiente e pela claridade vinda das suas 72 janelas . Outro detalhe é o Hechal (armário dos rolos da Lei) e a teba (onde o Hazan, cantor que leva as rezas, se posiciona) são feitos de madeira de jacarandá, importada do Brasil por um de seus freqüentadores, Moises Curiel.

A Grande Sinagoga Portuguesa de Amsterdão, chamada de Esnoga, "sinagoga" em português arcaico, era motivo de grande orgulho, pois nunca dantes, em sua Diáspora, tinham os judeus obtido a permissão de construir sinagogas tão monumentais. Em 1934, o jornalista checo, Egon Erwin Kisch, fez a seguinte afirmação em seu livro Emigrantes: local de residência - Amsterdão: "A Sinagoga Portuguesa não poderia jamais ser descrita como um local negligenciado, instável e escondido que servia de ponto de encontro para imigrantes ilegais - não, muito ao contrário, é uma construção esplêndida, poder-se-ia dizer, mesmo, uma "catedral judaica". Seu interior, sustentado por pilares de granito, ergue-se aos céus, quase o atingindo...".
Sem dúvida mais um marco de Portugal no Mundo 
Bem hajam 
Carlos Fernandes

( Revista Morashá www.shavei.org/).)



sábado, 17 de janeiro de 2015

Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima


Igreja Nossa Senhora de Fátima 1938 Lisboa 
O projecto foi encomendado a Pardal Monteiro em 1933 pela Sociedade Progresso de Portugal, tendo demorado um ano a realizar; teve colaboração de Raul Rodrigues Lima e de alguns estudantes então a trabalhar no ateliê de Pardal Monteiro, onde se destaca João Faria da Costa. A igreja foi consagrada em Outubro de 1938, sendo galardoada com oPrémio Valmor desse ano. Apesar do apoio expresso por parte da igreja, a modernidade do edifício seria contestada pelos meios mais conservadores da sociedade portuguesa.
Arquitecto Pardal Monteiro mais a sua  equipa 

O arquitecto fez coincidir a forma com o sistema estrutural, que foi deixado à vista no interior, sendo o volume desenhado a partir dos pórticos ritmados e repetidos como lâminas. "Essa estrutura foi envolvida por uma caixa formando a nave principal com uma cobertura em terraço plano, que se articula com os volumes mais baixos das duas naves laterais, e ainda com os corpos assumidos do batistério e da torre única e assimétrica na fachada, de formas puras". Herdeira de traços da art déco, patentes na fragmentação dos volumes e no modo como estes estão ornamentados, "a linguagem moderna reside essencialmente na assimetria, na cobertura em terraço e na exteriorização do programa e da estrutura"
O edifício teve colaboração artística de Almada Negreiros (vitrais), dos escultores Leopoldo de Almeida (Virgem e os pastorinhos de Fátima; Ressurreição de S. Lázaro; S. João Baptista) e Francisco Franco (Friso dos Apóstolos, pórtico de entrada); e ainda de Barata FeyoAnjos TeixeiraRaul XavierAntónio da CostaHenrique Franco e Lino António
Vitral Almada Negreiros 


Vitral Almada Negreiros
Igreja N.S. de Fátima vista interior 
Os anos 30 em Portugal,foram anos de charneira no que diz à arquitectura moderna. Dois grandes acontecimentos marcaram esse período: a Exposição do Mundo Português, preparada pelo governo de então, chefiado por Salazar e uma nova igreja para o Patriarcado de Lisboa, a primeira igreja modernista em Portugal, com a inovação de Nossa Senhora de Fátima, construída sob orientação do Cardeal Patriarca de Lisboa , D. Manuel Gonçalves Cerejeira . 
Esta que iria provocar grande impacto e polémica, foi encomendada para substituir a igreja de S.Julião, uma igreja da baixa lisboeta que se pretendia demolir, juntamente com o quarteirão em que
estava construída , para que ali se edificasse uma nova e monumental sede do Banco de Portugal (....)
Francisco Franco, Friso dos Apóstolos (fragmento)
António da Costa, Nossa Senhora de Fátima
Mais que um Templo de culto e recolhimento, um diamante da história arquitectónica de Lisboa , situada na Av. de Berna (Avenidas Novas ) um lugar a não perder !
Bem Hajam 
Carlos Fernandes