Em dez anos, a Beira Interior perdeu 31 mil
habitantes, o equivalente a uma cidade média. Estessão os rostos de quem ficou
Rosa morreu na véspera da inauguração da auto-estrada
e nunca mais ninguém se lembrou dela - tristes os que morrem na véspera da
chegada do progresso. Os filhos em França, a panela de ferro ao lume, o avental
preto meio sujo, os cabelos brancos a espreitar debaixo do lenço, a telefonia
ligada. Rosa morreu num dia assim. À hora do enterro no cemitério da aldeia, a
comitiva de secretários de Estado chegava à cidade. Ajeitaram-se as gravatas
enrugadas da viagem, discursou-se sobre as assimetrias entre o Interior e o
Litoral - Rosa morreu sem nunca ter visto o mar -, houve bandas e fanfarras,
vénias e continências, comes e bebes e garantias de que agora, com a estrada a
direito é que o desenvolvimento ia chegar. Quando a festa acabou, já Rosa
estava a dormir debaixo da terra e os outros velhos da aldeia em casa,
conformados, a contar pelos dedos os que ainda sobram. Num tempo que já não
volta, chegaram a ser mais de 400. Agora não chegam a 40 e as ruas são
cadáveres de pedra. A auto-estrada, essa ruga gigante que quase cortou a aldeia
ao meio e prometia resolver todos os problemas, só serviu para levar gente
embora. Não trouxe ninguém e, no dia em que passou a ser paga, os que foram
deixaram de voltar. Já não há crianças e a escola fechou. O forno são ruínas e
os castanheiros morreram de pé. Já não há recolha de leite e o merceeiro não
passa. Não há quem semeie, quem ceife, quem colha ou quem compre o que se
colheu. Não há panelas de ferro nem viúvas de preto. Os filhos envelhecem na
França, dizem que não voltam e os que voltaram são tão tristes como as casas de
granito vazias. Os filhos dos filhos foram-se embora. A Junta deixou de ser
Junta e agora é outra coisa qualquer, noutro lugar. O posto público da PT
fechou porque o dono morreu. Sobram os velhos, pedaços de rugas à lareira, à
espera que a morte os leve como levou a Rosa. Que ao menos na lápide haja um
poema de Torga.
Bem hajam
Carlos Fernandes
O INTERIOR DE PORTUGAL CONTINUA A MORRER ...
ResponderEliminarPOR CAUSA DUMA POLITICA DE PRAIA, IMPLANTADA EM PORTUGAL PELO PSD e PS ....
NOS ULTIMOS 40 ANOS ELES O P.S.D & P.S LEVARAM TODAS AS INDUSTRIAS, OS POSTOS DE TRABALHO, HOSPITAIS, ESCOLAS PARA O LITORAL!!
Mais de 70% do dinheiro vindo da C.E.E para desenvolver o interior de Norte, Centro e Sul de Portugal, nunca chegou a sair de LISBOA.
Lisboa come tudo, com o seu punhado de políticos corruptos, suas expos, suas fudações, seus museus, suas galerias de arte...e até exposições de fotos de CUS ( tudo pago com os nossos impostos).
Lisboa come mais de 70% do produto Nacional bruto.
Enquanto o interior de Portugal continua a morrer do NORTE ao Sul...Eles PSD e PS somente se mostram interessados no interior, durante as eleições , para cá vir buscar os nossos votos e as
as nossas matérias primas.
BASTA....ISTO QUALQUER DIA VAI TER DE PARAR!
ACORDEM .. GENTE DA LINDA ZONA CENTRO...
O PODER ESTÁ COM O POVO DE PORTUGAL???
A CURA COMEÇA SEMPRE PELO INTERIOR!
Nas proximas votamos para INDEPENDENTES!