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terça-feira, 24 de março de 2015

Morte sem mestre o poeta oculto

O escritor e poeta português Herberto Hélder , considerado o mais importante entre os vivos deixou-nos esta manhã , partiu como chegou com a brandura e a singeleza dos sentimentos que sempre nos ofereceu.
Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo trabalhado em Lisboa como jornalista,bibliotecáriotradutor e apresentador de programas de rádio. Viajou por diversos países da Europa realizando trabalhos corriqueiros, sem nenhuma relação com a literatura e foi redactor da revista Notícia em LuandaAngola, em 1971, onde sofreu um acidente grave. Também foi um dos colaboradores da efémera revista Pirâmide  (1959-1960).
É considerado um dos mais originais poetas de língua portuguesa. Era uma figura misantropa, e em torno de si paira uma atmosfera algo misteriosa uma vez que recusa prémios e se nega a dar entrevistas. Em 1994 foi o vencedor do Prémio Pessoa, que recusou.
A sua escrita começou por se situar no âmbito de um surrealismo tardio. Em 1964 organizou com António Aragão o "1º caderno antológico de Poesia Experimental" (Cadernos de Hoje, MONDAR editores), marco histórico da poesia portuguesa (Ver: Poesia Experimental Portuguesa). Escreveu entretanto "Os Passos em Volta", um livro que através de vários contos, sugere as viagens deambulatórias de uma personagem por entre cidades e quotidianos, colocando ao mesmo tempo incertezas acerca da identidade própria de cada ser humano (ficção); "Photomaton e Vox", é uma colectânea de ensaios e textos e também de vários poemas. "Poesia Toda" é o título de uma antologia pessoal dos seus livros de poesia que tem sido depurada ao longo dos anos. Na edição de 2004 foram retiradas da recolha suas traduções. Alguns dos seus livros desapareceram das mais recentes edições da Poesia Toda, rebatizada Ofício Cantante, nomeadamente Vocação Animal e Cobra.

A crítica literária aproxima sua linguagem poética do universo da Alquimia, da mística, da Mitologia edipiana e da imagem da Mãe.
Nascido no Funchal no dia 23 de Novembro de 1930 faleceu no dia 23 de Março de 2015, de causas ainda não divulgadas.
Na escrita como na vida só existe uma edição, que descanse em paz .
Bem Hajam 
Carlos Fernandes


  


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