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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O Botequim é de todos e não pertence a ninguém







Decorria o ano de 1968, quando Lisboa ficou mais culta, mais atenta e interventiva,pelas mãos de Natália Correia,Isabel Meyrelles,Júlia Marenha e Helena Roseta, abriu portas o Botequim
Foi ali que, durante as décadas de 70 e 80, se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa, de Fernando Dacosta a David Mourão-Ferreira, António Alçada Baptista, José-Augusto França, Luiz Pacheco, Ary dos Santos e José Cardoso Pires.


A história do Botequim, na Graça, Lisboa, está intimamente ligada à intelectualidade à liberdade e luta por Abril . Trata-se de um local que funcionou como abrigo a várias personalidades da cultura portuguesa e onde se organizaram tertúlias clandestinas, de forma a fugir ao raio de intervenção da PIDE/DGS – Polícia Internacional e de Defesa do Estado, que vigorou durante a ditadura de António de Oliveira Salazar primeiro, e Marcelo Caetano depois.


Em 1993 , após o falecimento de Natália Correia o bar viria a ser encerrado,. Reabre mais tarde como sede da Fundação José Afonso   e posteriormente como livraria infantil.
 O espaço, esse, não é dos mais amplos que vai encontrar na capital, mas é um dos mais acolhedores. Poucas mesas, decoração a fazer viajar no tempo, rádios da década de 50, discos de Zeca Afonso e, claro, fotografias de Natália Correia.
A música é suave. Quase não se nota, mas o que se ouve é bom e agradável. Música popular portuguesa, jazz, blues e, por vezes, alguns ritmos mais electrónicos, ainda que estes pertençam ao lote dos que não provocam fortes abalos no nosso bem-estar.

Por falar em música, convém referir que por aqui, a solo, passam alguns dos nomes que marcam a actualidade portuguesa. Samuel Úria ou Diego Armés já lá actuaram. Para gente menos conhecida o Botequim da Graça é, igualmente, um bar que oferece oportunidades. É comum ver, durante a semana, artistas a solo ou acompanhados a oferecerem pequenos concertos intimistas. A leitura de poesia também consta regularmente na programação.
Vinho e cerveja são as bebidas mais consumidas, ainda assim, a carta oferece muito mais. Ponchas da Madeira, Rum com Chocolate, entre outros líquidos igualmente exóticos, podem ser encontrados nos sugestivos menus onde constam, também, produtos que matam a fome. Destaque para a Sopa de Cogumelos com Broa de Milho, Salada de Pimentos ou a Tosta de Atum com Espinafres. Apesar de pequena, a cozinha também funciona bem…


Já com os anos 70 e 80 distantes, mas não esquecidos, o Botequim aparece no século XXI convicto a não cortar com o passado. As mesas estão cheias, há música portuguesa ao vivo, poesia, vinho, sopa, pão e o miradouro da Graça a apenas cem metros.

Bar Botequim da Graça
Largo da Graça, 79/80, Lisboa
Telefone: 21 888 85 11
Bem Hajam
Carlos Fernandes


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