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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Minderico Piação do Ninhou


O Minderico ou Piação dos Charales do Ninhou (língua dos habitantes de Minde) é a variante linguística falada em Minde desde o século XVIII. Inicialmente esta variante funcionava como código conhecido apenas pelos fabricantes e comerciantes das mantas de Minde. Como era utilizada apenas por um grupo restrito, era até então um sociolecto.
Fruto de uma comunidade isolada, localizada numa depressão fechada entre os Planaltos de Santo António e de São Mamede, em pleno Maciço Calcário Estremenho, o minderico, inicialmente enquanto língua secreta, era semelhante a variantes que encontramos noutros grupos e comunidades étnicas específicas espalhadas pelo mundo que usam “termos e expressões de defesa”, isto é, palavras e expressões que permitem aos membros dessa comunidade falar entre si sem darem a conhecer o significado dessa comunicação a outros. Porém, o minderico ultrapassou as barreiras do secretismo e alargou-se não só as todos os grupos sociais da comunidade minderica como passou a ser usado em todos os contextos sociais (não só para o negócio). Esta evolução – de língua secreta a língua do quotidiano – não é exclusiva do minderico, tendo-se registado já noutras comunidades em diferentes partes do mundo.

Em muitos dos lexemas mindericos é notória a sua origem em imagens do quotidiano, que passam de forma figurativa para a linguagem, mas também, embora em menor quantidade, através de alterações do português vernáculo, não esquecendo também os desenvolvimentos propriamente mindericos. Nomes de pessoas da
terra deram origem a expressões que designam profissões ou atributos humanos. O minderico é ainda hoje conhecido pela maioria da população adulta, embora por influência da alteração dos costumes, haja uma acentuada tendência para o seu desuso e esquecimento entre os mais jovens.

A antiga linguagem dos mercadores de colchas sobrevive ainda hoje por terras de Minde, concelho de Alcanena. Não se sabe quantas pessoas continuam a linguajar a «Piação dos Charales do Ninhou». Certo é que termos actuais como televisão já entraram para o vocabulário de uma variedade linguística que teima em não querer morrer e que conta com defensores acérrimos

Bem hajam 
Carlos Fernandes


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