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sábado, 28 de dezembro de 2013

O Alentejo não tem fim......Roncas de Elvas

A Ronca trata-se de um instrumento da música popular, com raízes muito profundas na tradição e cultura Elvense,  pertence à categoria dos membrafones de fricção cujo uso está muito enraizado no Natal de Elvas. Luís Pedras esteve no Museu Nacional de Etnologia em Lisboa a restaurar Roncas de Elvas pertencentes ao espólio, iniciando um projeto de reabilitação do instrumento que o artista denominou de "Fénix-O renascer da Ronca", tratando-se de uma analogia do instrumento com o renascer das cinzas dessa ave mitológica. Desde então, Luís Pedras realizou diversas exposições em terras onde se tocava a ronca, em Barrancos, Olivença, Badajoz, Campo Maior e, obviamente, inúmeras vezes em Elvas. A partir daí, este instrumento ligado ao sagrado voltou a ser utilizado e tocado com muito entusiamo em Elvas, já existem mesmo alguns grupos que se juntam para tocar e cantar ao Menino pelas ruas da cidade. Nomeadamente, Luís pedras foi distinguido com uma menção honrosa no prémio nacional de artesanato com uma ronca. Neste momento, Luís Pedras é o único produtor do instrumento em Elvas e, possivelmente, no país - See more at: http://www.e-cultura.pt/AgendaCulturalDisplay.aspx?ID=38079#sthash.ED4XGyXB.dpuf
Bem hajam 
Carlos Fernandes  

1 comentário:

  1. A ronca é um instrumento musical tradicional do Alentejo, bastante rudimentar, pertencente à classe dos membranofones de fricção. É composto essencialmente por um reservatório, geralmente um cântaro de barro [1], que serve de caixa de ressonância e cuja boca é cerrada com uma pele esticada, a qual vibra quando se fricciona uma pequena e fina cana presa por uma das extremidades no seu centro. O som resultante, grave e fundo, é transformado pela caixa de ressonância no ronco característico do instrumento.
    A espessura e a qualidade da pele, é importante por causa do som. Por isso, usa-se pele de ovelha, borrego, carneiro, cabra, cabrito ou chibo, bem como bexiga de porco ou de carneiro.
    É um instrumento usado no acompanhamento de canções de Natal ou das Janeiras, podendo ainda pode ser encontrado na zona raiana (região de Portalegre, Elvas, Terrugem e Campo Maior), onde grupos de homens agasalhados nos seus capotes para arrostar o frio, percorrem as ruas em compasso lento e solene, entoando cantares, parando aqui e ali, para dedicar os seus cantos aos moradores de determinadas casas.
    Durante a sua utilização, a ronca é levada debaixo de um dos braços, enquanto o outro fricciona a cana longitudinalmente, com força. A eficácia do funcionamento da ronca exige que, de vez em quando, os tocadores cuspam para a mão que empunha a cana, a fim de lubrificar a pele da ronca. Os cânticos entoados podem ser dos mais diversos. Por exemplo:

    “Qualquer filho de homem pobre
    Nasce num céu de cortinas.
    Só tu, Menino Jesus,
    Nasceste numas palhinhas.” [2]

    “Ó mê Menino Jasus
    Da Lapa do coração,
    Dai-me da vossa merenda,
    Que a minha mãe não tem pão.” [3]

    Sobre a ronca, diz-nos António Thomaz Pires [4] "Das nove horas até à meia-noite de Natal percorrem as ruas da cidade diferentes grupos de homens do povo, cantando em altas vozes, em coro, e núm rhytmo e entoação especial, trovas ao Menino Jesus, acompanhadas pelo som àspero da ronca: alcatruz de nora, ou panella de barro, a cujo bocal se adapta uma membrana, ou pelle de bexiga, atravessada por um pau encerado, pelo qual se corre a mão com força para produzir um som rouco. Somente pelo Natal é este instrumento ouvido."

    [1] - Mas pode ser também uma panela de barro ou um cântaro de lata ou outro recipiente qualquer.
    [2] – Recolhida em Elvas: PESTANA, M. Inácio. Etnologia do Natal Alentejano, Edição da Assembleia Distrital, Portalegre, 1978.
    [3] – Recolhida no Alandroal: VASCONCELLOS, J. Leite de. Cancioneiro Popular Português, vol. III, Acta Universitatis Conimbrigensis, Coimbra, 1983.
    [4] - PIRES, António Thomaz . "A noite de Natal, o Ano Bom e os Santos Reis” in Estudos e notas elvenses. António Torres de Carvalho. Elvas, 1923 ( 2ª ed.).

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